Quando se fala em Lean Startup a primeira coisa que vem na mente das pessoas são aquelas empresas cheias de tecnologia e inovação do vale do silício. Mas a realidade é que essa metodologia vem evoluindo e está cada vez mais perto dos pequenos empreendedores.
Com o cenário da pandemia, o mundo passou por severas transformações e, consequentemente, o modo de empreender também. Nesse contexto, o antropólogo Jamais Cascio introduziu o conceito de mundo BANI (frágil, ansioso, não linear e incompreensível), ou seja, por uma questão de sobrevivência dos negócios está cada vez mais necessário inovar e procurar satisfazer os clientes, os quais também estão cada vez mais exigentes.
Contudo, inovar não é uma tarefa fácil, exige método, consistência e, ao contrário do que muitos pensam, inovar não é "reinventar" a roda novamente, mas, através de pequenas revoluções, paulatinamente melhorar processos e produtos no que é chamada inovação incremental.
Para isso, a metodologia Lean Startup se transforma em uma grande aliada. Inicialmente desenhada para lançar negócios disruptivos no mercado, mostrou-se relevante também na aplicação em empreendimentos que já estão estabelecidos no mercado para melhorar sua competitividade e foco no cliente.
O que é Lean Startup?
O Lean Startup, lançado por Eric Ries, guru da metodologia, em seu livro “Lean Startup” de 2011, é uma abordagem científica para criar e gerenciar startups de modo que entreguem produtos/serviços realmente desejados pelos clientes, combinando conceitos de desenvolvimento ágil de software e design thinking, objetivando validar modelos de negócios de maneira rápida e segura.
A princípio você pode se perguntar:
“Mas meu negócio não é uma startup e já possui alguns anos de mercado, com qual objetivo eu usaria tal metodologia?”
Bem, você pode não estar iniciando uma startup, mas se você deseja lançar um serviço ou produto diferente do que possui atualmente, a metodologia pode te ajudar a fazer isso de forma econômica e ágil.
Livro "The Lean Startup" de Eric Ries (Crédito: Amazon)
Mas como que faz isso?
A metodologia é composta por 3 etapas, sendo elas:
1. Build-Construir
Aqui você constrói suas premissas e hipóteses de um novo produto ou serviço. Ao invés de gastar tempo e energia deixando o produto o mais detalhado possível. Você faz um "protótipo" chamado "Mínimo Produto Viável", com a sigla "MVP" em inglês.
Esse MVP tem como objetivo apresentar a funcionalidade principal do produto/serviço sem gastar muito tempo, energia ou dinheiro, e coletar feedback de clientes para avaliar se aquilo que se pensou é realmente algo desejado pelo público.
2. Measure-Medir
É nessa fase que ocorre a verificação das ideias com os clientes, ou seja, o MVP é apresentado e, através de questionários ou entrevistas, o feedback dos clientes valida sua premissa inicial ou não. Nessa etapa, além da validação, poderão surgir outras hipóteses ou incrementos que os clientes desejam em seu produto/serviço.
Para construir o questionário, leve em consideração conhecer seu cliente e não fazer perguntas tendenciosas do tipo "você gostaria ‘x’ coisa?", pois ele provavelmente sempre responderá que sim, portanto, procure perguntar questões mais qualitativas do tipo “Em quais situações decide pedir comida?”, que estimulem o seu possível cliente a falar do seu produto de uma forma mais subjetiva.
3. Learn-Aprendizagem
Nessa etapa ocorre a compilação dos resultados obtidos na validação com os clientes. Se as hipóteses forem validadas, o produto segue para o mercado e o MVP é incrementado com pontos interessantes apresentados nos feedbacks.
Caso não seja validado, o produto volta para a fase de construção ajustando o MVP com aquelas funcionalidades que possivelmente são mais desejadas pelo público, para posteriormente ser lançado para a etapa de validação com os clientes novamente, sendo esse processo todo chamado de pivoteamento.
Ou seja, você pivota seu MVP até que chegue ao ponto de ter uma saída, e que essa saída seja algo que verdadeiramente solucione uma dor existente.
Ciclo Lean Startup (Crédito: Adaptado de Startup Enxuta 2011)
Legal, mas como aplico no meu negócio?
1. Estabeleça seu objetivo: Defina seu objetivo o mais sucintamente possível. Você irá lançar uma nova linha de produtos? Um novo cardápio? Irá incluir um processo diferente em seu serviço? Quer incrementar um produto já existente?;
2. Idealize o produto: Existem diversas ferramentas que podem te auxiliar a tirar a ideia do papel, sendo a mais conhecida o Design Thinking, que tem como o objetivo desenvolver produtos/serviços focados nas necessidades dos usuários;
3. Construa seu MVP: Lembre-se que seu MVP deve possuir as características mais essenciais, focando na agilidade e economia de seu lançamento, assim você tangibiliza aquilo que pôs no papel. *Ao final do artigo teremos links com exemplos de MVP’s de empresas famosas para te auxiliar nessa etapa.
4. Aplique o questionário: Selecione os possíveis clientes do seu produto, ou seja, aquele público alvo que quando você elencou as necessidades pensou diretamente nele. Para isso, faça uma simples entrevista ou aplique um questionário, o qual pode ser construído facilmente com algumas ferramentas disponíveis na internet como o Google Forms.
Por fim, você deverá realizar uma análise crítica, esta parte demanda um pouco de poder de síntese seu. Ou seja, você precisará definir quais critérios de sucesso determinarão se sua hipótese será validada ou não.
Então, por exemplo, digamos que você, em seu MVP, levantou a hipótese de que as pessoas irão usar seu produto no final de semana, e no questionário você perguntou o que elas fazem no final de semana em relação à alimentação.
Como critério de sucesso, você pode determinar, por exemplo, que 80% dos entrevistados apresentam o comportamento desejado no final de semana, pois isso significaria que seu produto teria saída.
No começo é mais difícil pensar e sintetizar tudo, por isso você pode utilizar ferramentas que facilitam essa visão mais quantitativa, dividindo essa análise em partes, como por exemplo uma planilha do excel. Nela você pode dividir as abas de acordo com sua linha de pensamento compilando as respostas, hipóteses e critérios de sucesso definidos por você previamente.
Tá, eu fiz tudo isso, mas como vou ver resultados?
Bom, o intuito dessa metodologia não é acertar de primeira, então não se desespere se suas hipóteses iniciais não forem validadas, pois o propósito disso tudo é que você aprenda rápido e lance sua ideia no mercado de forma econômica e quando ela realmente for desejada pelos clientes.
Ficou interessado no assunto? Aplique em sua empresa e conte para nós os seus resultados!
Ficou na dúvida? Chama que a gente te ajuda!
Link: MVP
Autora: Caroline Rodrigues (Linkedin)
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